Mentalidade de Crescimento – Para que te quero? – Parte 1

Desde muito pequeno que fui ouvindo uma série de expressões e contactei com inúmeras crenças que hoje em dia penso quão limitativas elas foram, são e podem (continuar) ser para o meu desenvolvimento e crescimento, e talvez também para Ti que estás a ler este meu “devaneio”.

Comecemos pelas expressões enraizadas na nossa cultura que bloqueiam o nosso crescimento individual e por consequência, colectivo:

“No meu tempo é que era!” – Expressão tipicamente utilizada pelos mais velhos dando força e legitimidade ao COMO as coisas eram no seu tempo comparativamente com à actualidade, colocando em causa a evolução e os comportamentos tidos pelas novas gerações;

A resposta “Porque sim, sempre foi feito assim!”  à questão “Porque tenho de fazer isto, desta forma?” – Esta expressão é adorável e sobretudo esclarecedora, não é? ? A resposta demonstra uma falta de noção do propósito que está por trás daquilo que está a ser feito. E por consequência fica fora do espectro a avaliação sobre se faz sentido continuar a fazer da mesma forma.

“Nunca mais é Sábado!” – A impaciência de se chegar ao fim-de-semana evidencia como nós olhamos para aquilo que fazemos, para o nosso trabalho. Precisamos trabalhar para dinheiro, pois é essa a nossa forma de sustento, visto como uma mera necessidade. Fazemos o que temos a fazer e temo-lo como stressante e/ou enfadonho com a agravante de termos de cumprir com horários rígidos e inflexíveis. Chefes e chefiados têm de se “aturar” uns aos outros e executar/fazer o que se pretende, vendo o fim-de-semana como o momento libertador.

“Às vezes temos de engolir sapos” – É-nos transmitido que muitas vezes temos de nos abster de dizer aquilo que gostaríamos à nossa chefia directa ou até a um colega que sentimos predominância. Os primeiros anos na escola e a relação clássica professor-aluno, acabam por fortalecer este padrão. Tal, origina mais tarde um receio de se ser colocado em causa, castigado ou gozado quando estamos integrados numa organização.

“Não podes dar o braço a torcer” – Contrariando a expressão anterior, mas sustentando o paradoxo, quem está numa posição de predominância pode ter a convicção de que não pode ceder a uma opção/opinião nossa inicial, por uma questão de manutenção da superioridade perante o outro, orgulho e ego. A afirmação enquanto chefia, leva a esta marcação de posição para não ser visto como débil ou inseguro.

“Não chegas aos calcanhares de…” – Quando isto é ouvido por alguém, pode ser claramente limitativo e bloquear a evolução da pessoa, colocando a sua auto-estima e confiança em causa. Muitos podem não saber lidar com esta comparação, e per si não é bonito de se ouvir e de ser dizer.

“Nasceste com o rabo virado para a lua” – O fator sorte é aqui o constante responsável pelo sucesso de alguém, o que pode levar a que a pessoa “sortuda” baixe a guarda e origine uma estagnação no seu percurso e desenvolvimento; aos “não-sortudos”, dá-se uma perspectiva errada do que realmente interessa e impacta na sua vida.

Passemos agora para as crenças:

Errar/falhar é um sinal de fraqueza e incapacidade da pessoa para fazer algo – A desilusão abarca o indivíduo e as pessoas à sua volta. Isto leva a que a pessoa evite fazer a mesma acção ou se o fizer, ficará constrangido e irá querer ter o máximo controlo possível, pois a desilusão inicial originou desconfiança em si próprio. De enaltecer que esta crença está tão enraizada que é um dos motivos principais para o bullying que existe nas Escolas feito por professores ou colegas, logo nos primeiros anos da nossa vida. Senti-o na pele, vi-o a ser feito e também o fiz.

O Conflito com alguém ou um grupo não é positivo – Muitas vezes a palavra Conflito é usada quando há “apenas e só” uma divergência de opinião ou interesse. Pensar diferente dos nossos professores, amigos, família e colegas é visto como uma distorção do papel de alguns (professor e família, sobretudo os pais) que devido à sua experiência de vida e conhecimento, sentem que sabem o que é o certo e errado; e no caso dos amigos e colegas de trabalho, divergir deles significa não fazer parte do grupo e não estarmos alinhados, o que por consequência traz insegurança e desconfiança.

O Sucesso é um padrão – Se repetidamente fizermos o que nos trouxe sucesso, esse padrão e resultado final não se irá alterar…por isso, porquê mudar? Importante é recordar e manter a mesma bitola!

As nossas competências e capacidades são inatas, o talento é normal – Acreditamos que as capacidades e competências nos foram “entregues” à nascença e a partir daí é usá-las da melhor forma possível. O que não temos” “jeito” ficará assim para sempre e é preferível deixar de lado porque não teremos a possibilidade de melhorar. Nesta crença, a Liderança é um exemplo interessante, em que traços reconhecidos numa fase inicial do crescimento “sugerem” a prevalência de umas crianças sobre outras, levando-os a ter papéis representativos como ser capitão de equipa ou delegado de turma.

Receber feedback negativo é uma afronta pessoal – Este tema é bastante complexo até porque muitos de nós não sabe como dar feedback e a forma como o fazemos pode ser mesmo uma afronta individual, o que só piora esta crença. Por outro lado, devíamos tirar o ónus pejorativo deste tipo de feedback para uma orientação positiva para os aspectos construtivos do momento, para quem o recebe.

Todas as expressões e crenças descritas acima estão enquadradas no tipo de mentalidade que podemos considerar como Fixa. Como o adjectivo sugere, esta forma de estar na vida é estanque e torna-nos imóveis perante o futuro e a viver no passado. A estabilidade que estas crenças e expressões nos trazem dá-nos o conforto e segurança que tipicamente o ser humano procura no curto prazo, até porque dá “menos trabalho” a nível individual e nos garante a conformidade social com o que já existe. Todos nós temos/tivemos presente esta mentalidade no passado e teremos no futuro em momentos, dias ou até anos. Agora, a questão é: é nela que nos queremos estabelecer?

Certamente que não! ?

Está atento pois na próxima semana poderás aceder às sugestões de como descontruir esta Mentalidade.

Até já!!

Pablo

Pablo

cargo do autor

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